sexta-feira, 18 de julho de 2014

O lulismo não morreu

O lulismo é maior do que se imaginava. É mais danoso. Mais ardiloso.

Dilma Rousseff está rendida ao lulismo. Aproximou-se da Seleção Brasileira na Copa do Mundo quando o momento era favorável. Desvinculou-se quando a corda ruiu. Reuniu-se com jornalistas esportivos e com membros do movimento Bom Senso Futebol Clube para discutir a reformulação do futebol brasileiro como um todo, mesmo nunca tendo se preocupado com futebol na vida. Como num passe de mágica, virou torcedora inflada e entendedora de tática. Eu sempre me desespero com qualquer tipo de intervenção estatal. Neste momento, em que todos pensam qual a melhor forma do futebol brasileiro melhorar com a ajuda do Governo, trato de fazer justamente o raciocínio ao contrário: qual a melhor forma do futebol brasileiro melhorar sem a ajuda do Governo.

Dentre os jornalistas esportivos que se reuniram com Dilma Rousseff, estavam Juca Kfouri e Paulo Vinícius Coelho, ambos da ESPN Brasil. Paulo Vinícius Coelho não me afeta. É dos mais íntegros profissionais da área. Em contrapartida, Juca Kfouri é dos mais rasteiros e abjetos. Embarcou no engodo de intervenção estatal após uma derrota da Seleção Brasileira. A Copa do Mundo foi danosa para o país em muitos motivos, mas o principal foi o espaço concedido para proselitismo barato de alguns profissionais da ESPN Brasil.

José Trajano, também da ESPN Brasil, criticou os torcedores que xingaram Dilma Rousseff no estádio do Corinthians, em São Paulo, na estreia do Brasil na Copa do Mundo. Após a defesa de José Trajano, muita gente passou a vincular a marca da ESPN Brasil ao PT. Eu sempre julguei a ESPN Brasil um reduto de petistas, a começar pela ampla quantidade de propagandas de estatais exibidas no canal. Se José Trajano se atreve a ensinar como o torcedor deve se comportar nas arquibancadas, vejo-me no direito de ensinar José Trajano a fazer Jornalismo. Meu mandamento principal é desvincular a imagem da emissora do Governo Federal, retirando as excessivas propagandas de estatais, que são exibidas 24 horas por dia no canal. Outro mandamento é que um jornalista num canal, a priori, esportivo não se pode dar ao luxo de enfiar goela abaixo sua ideologia política.

Assim como José Trajano, Juca Kfouri - sempre ele -, o mais genuíno dos lulistas, criticou aqueles que xingaram Dilma Rousseff. Classificou o público que a xingou como "a elite branca de São Paulo e que não tem a coragem de xingar Paulo Maluf". Juca Kfouri também destila suas ironias a Ronaldo, que recentemente declarou apoio à candidatura de Aécio Neves. Se Juca Kfouri tem horror a alianças controversas, vale ressaltar que, em 2012, Paulo Maluf, a quem ele julga merecer impropérios, aliou-se aos petistas Lula e Fernando Haddad, em troca de míseros segundos no programa eleitoral de TV. Seguindo a lógica popularesca de Juca Kfouri, a elite branca de São Paulo também deveria xingar Lula e Fernando Haddad pela aliança com Paulo Maluf.

A defesa de José Trajano e Juca Kfouri implica, diretamente, com o fato da ESPN Brasil ser um outdoor da Petrobras e da Caixa Econômica Federal. E implica na pior das questões: o lulismo nunca esteve ausente das redações de jornalismo, seja em rádio, jornal impresso ou televisão.