sexta-feira, 28 de março de 2014

Chega de Ética e Direitos Humanos

Por unanimidade, a Executiva do PSOL do Rio de Janeiro decidiu recomendar a expulsão de Janira Rocha do partido. Lembra de Janira Rocha? Eu lembro. É a deputada estadual acusada de desviar recursos do Sindiprev do Rio de Janeiro e de ficar com boa parte do salário de seus funcionários. Ao contrário da Executiva do partido no Rio de Janeiro, a Comissão Nacional de Ética do PSOL arquivou o processo de expulsão de Janira Rocha, sob o argumento de que os militantes do partido contribuíam com parte de seus salários de forma voluntária, sendo assim, não caracterizando uma espécie de cotização compulsória.

Sempre é preciso duvidar de partidecos que emergem com discursos de ética, valores e moral. A história de política brasileira é circular. Mantemos os mesmos nomes de tempos longínquos, com os velhos hábitos e princípios, que culminam nos mesmos fins. O quadro político atual é, ainda em sua maioria, composto pelos remanescentes da politicagem de quarenta anos atrás. Eventualmente, figuras novas surgem em nossa política. Jean Wyllys é uma delas. É do mesmo PSOL de Janira Rocha. Foi eleito em 2010, como deputado federal. Curiosamente, seu maior adversário-político também é figura nova na política: Marco Feliciano. Também deputado federal, pelo Partido Social Cristão e presidente da Comissão dos Direitos Humanos em 2013.

Jean Wyllys e Marco Feliciano protagonizam uma pantomima militante em seus respectivos cargos, sem medir as possíveis consequências. Discutem se deve ser seguido o que a Bíblia Sagrada diz. Se homofobia é crime. Se misturar religião com política é uma desonestidade intelectual. Se a AIDS é proveniente do homossexual. Na França, há exatos dez anos, era aprovada uma lei que proibia a exibição de símbolos religiosos nas escolas públicas. Dez anos depois, o Brasil não tão somente quer proibir a doutrina religiosa nas escolas públicas, como quer adotar o "Kit Gay". No futuro, nosso caminho é uma espécie de adestramento ideológico de crianças nas escolas. O garoto que estuda em uma escola cristã, será doutrinado com Ensino Religioso. O garoto da escola pública, será pontificado com o Ensino Gay.

Em recentes pesquisas eleitorais, segundo o IBOPE, Anthony Garotinho lidera a disputa pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro. Há dez anos, o mesmo Anthony Garotinho sancionou uma lei que estabelecia o ensino religioso obrigatório nas escolas públicas. Como somos demasiadamente previsíveis, a hipotética eleição de Anthony Garotinho é um prenúncio de que nossas instituições públicas serão aparelhos de proselitismo.

Anthony Garotinho, atualmente na oposição, se aproximou do PSOL para atacar a Rede Globo e o PMDB. O PSOL, encabeçado por Jean Wyllys, reluta pelo direito do homossexual ter voz ativa na sociedade, que inclui o direito ao casamento. Anthony Garotinho é contra isso tudo. Num eventual mandato de Anthony Garotinho, será curiosa a postura do PSOL e de Jean Wyllys em matéria de Direitos Humanos. Em matéria de Ética, Anthony Garotinho já tem como se defender: basta citar Janira Rocha.

quarta-feira, 19 de março de 2014

Dilma é Lula. Lula é Dilma

Dilma é Lula. Lula é Dilma.

Sempre tentei separar as coisas, por mais dissimulada que Dilma Rousseff seja. Pois, acreditava eu, por exemplo, que a turma que cercaria Dilma Rousseff não seria a mesma turma capaz de quebrar o sigilo bancário de um caseiro, como a turma que cercou Lula foi.

A turma que cercou Lula quebrou o sigilo bancário de Francenildo Santos Costa e foi encabeçada pelo, à época, ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Antonio Palocci também era acusado de chefiar um esquema de corrupção quando foi prefeito de Ribeirão Preto. Antonio Palocci foi demitido por Lula.

Como me aventurei a duvidar do caráter-político dos petistas, Dilma Rousseff me surpreendeu.

Em 2010, Dilma Rousseff nomeou Antonio Palocci como ministro da Casa Civil. Em 2011, uma reportagem de Folha de S. Paulo apontava que o então ministro multiplicou seu patrimônio por 20, atuando como consultor. Ainda segundo Folha de S. Paulo, "em apenas quatro anos, ele subiu de R$ 375 mil para R$ 7,5 milhões, incluindo um apartamento de R$ 6,6 milhões em São Paulo." Os números são assustadores. Antonio Palocci pediu demissão da chefia da Casa Civil e do cargo de conselheiro da Petrobras.

Aliás, a Petrobras é o que mais me afugenta.

Em 2005, Delcídio Amaral já alertava para um relatório do TCU que indicara um superfaturamento de R$ 2 bilhões em obras da Petrobras.

Em 2006, outra reportagem de Folha de S. Paulo apontava que cinco empreiteiras associadas da Associação Brasileira de Engenharia Industrial (Abemi), que mantinham contratos com a Petrobras, doaram, juntas, R$ 2,5 milhões para políticos do PT. A Abemi, então, era presidida por Ricardo Ribeiro Pessoa. Ricardo Ribeiro Pessoa também era proprietário da UTC Engenharia, que doou R$ 1,3 milhão para políticos do PT. A maior parte das doações da UTC Engenharia foi para Delcídio Amaral. Uma mera coincidência.

Volto a Lula. Volto à Dilma Rousseff. Ainda na Petrobras. Ainda em 2005. Ainda em 2006.

Em 2005, a empresa Astra Oil comprou a refinaria Pasadena Refining System por US$ 42,5 milhões.

Em 2006, a empresa Astra Oil vendeu 50% da mesma refinaria Pasadena Refining System à Petrobras por US$ 360 milhões. Calculando rapidamente, nota-se que a Petrobras investiu US$ 338,75 milhões em metade de uma empresa que não havia, sequer, gerado lucro. Aliás, a refinaria Pasadena Refining System não tinha capacidade para refinar petróleo brasileiro, considerado pesado. Para tanto, seria preciso um investimento de mais US$ 1,5 bilhão.

À época, Dilma Rousseff era ministra da Casa Civil e presidente do Conselho de Administração da Petrobras. Agora, como veio à tona o investimento furado, o Palácio do Planalto divulgou uma nota, alegando que "Dilma Rousseff concordou com o investimento, pois recebeu informações incompletas". O tipo de discurso é antigo e nos remete a Lula, que também desconversava sobre o Mensalão.

O investimento furado é emblemático para revelar a incompetência de Dilma Rousseff à frente de qualquer negócio. Dilma é Lula. Lula é Dilma.

E revela, também, que precisamos privatizar a Petrobras o quanto antes.