Por unanimidade, a Executiva do PSOL do Rio de Janeiro decidiu recomendar a expulsão de Janira Rocha do partido. Lembra de Janira
Rocha? Eu lembro. É a deputada estadual acusada de desviar recursos do
Sindiprev do Rio de Janeiro e de ficar com boa parte do salário de seus
funcionários. Ao contrário da Executiva do partido no Rio de Janeiro, a
Comissão Nacional de Ética do PSOL arquivou o processo de expulsão de Janira
Rocha, sob o argumento de que os militantes do partido contribuíam com parte de
seus salários de forma voluntária, sendo assim, não caracterizando uma espécie
de cotização compulsória.
Sempre é preciso duvidar de partidecos
que emergem com discursos de ética, valores e moral. A história de política
brasileira é circular. Mantemos os mesmos nomes de tempos longínquos, com os
velhos hábitos e princípios, que culminam nos mesmos fins. O quadro político
atual é, ainda em sua maioria, composto pelos remanescentes da politicagem de
quarenta anos atrás. Eventualmente, figuras novas surgem em nossa
política. Jean Wyllys é uma delas. É do mesmo PSOL de Janira Rocha. Foi eleito
em 2010, como deputado federal. Curiosamente, seu maior adversário-político
também é figura nova na política: Marco Feliciano. Também deputado federal,
pelo Partido Social Cristão e presidente da Comissão dos Direitos Humanos em
2013.
Jean Wyllys e Marco Feliciano
protagonizam uma pantomima militante em seus respectivos cargos, sem medir as
possíveis consequências. Discutem se deve ser seguido o que a Bíblia Sagrada
diz. Se homofobia é crime. Se misturar religião com política é uma
desonestidade intelectual. Se a AIDS é proveniente do homossexual. Na França,
há exatos dez anos, era aprovada uma lei que proibia a exibição de símbolos religiosos
nas escolas públicas. Dez anos depois, o Brasil não tão somente quer proibir a
doutrina religiosa nas escolas públicas, como quer adotar o "Kit
Gay". No futuro, nosso caminho é uma espécie de adestramento ideológico de
crianças nas escolas. O garoto que estuda em uma escola cristã, será doutrinado
com Ensino Religioso. O garoto da escola pública, será pontificado com o Ensino
Gay.
Em recentes pesquisas eleitorais,
segundo o IBOPE, Anthony Garotinho lidera a disputa pelo Governo do Estado do
Rio de Janeiro. Há dez anos, o mesmo Anthony Garotinho sancionou uma lei que
estabelecia o ensino religioso obrigatório nas escolas públicas. Como somos
demasiadamente previsíveis, a hipotética eleição de Anthony Garotinho é um
prenúncio de que nossas instituições públicas serão aparelhos de proselitismo.
Anthony Garotinho, atualmente na
oposição, se aproximou do PSOL para atacar a Rede Globo e o PMDB. O PSOL,
encabeçado por Jean Wyllys, reluta pelo direito do homossexual ter voz ativa na
sociedade, que inclui o direito ao casamento. Anthony Garotinho é contra isso
tudo. Num eventual mandato de Anthony Garotinho, será curiosa a
postura do PSOL e de Jean Wyllys em matéria de Direitos Humanos. Em matéria de
Ética, Anthony Garotinho já tem como se defender: basta citar Janira Rocha.