[Texto de 18/04/2016]
Meus amigos governistas-analfabetos-políticos estão enfurecidos. Para eles, Dilma Rousseff está sofrendo "um golpe"; para eles, "estão rasgando a Constituição"; para eles, "Eduardo Cunha não merece ser presidente da Câmara"; para eles, "isso é coisa de reacionário"; para eles, "Michel Temer não tem legitimidade".
Eu entendo toda a birra governista. Eu entendo que, para um petista, cometer um crime é moralmente aceitável. Eu entendo, ainda, que eles estão corretos em um aspecto: Eduardo Cunha, sim, tem de ser preso. Mas dizer que Michel Temer não tem legitimidade é tirar, igualmente, a legitimidade de Dilma Rousseff.
Refiro-me aos meus amigos governistas como "analfabetos políticos", justamente, por serem governistas. Em 2014, meus amigos governistas votaram na seguinte chapa: Dilma Rousseff, presidente; Michel Temer, vice. Quem votou em Dilma Rousseff, automaticamente, votou em Michel Temer. Quem comemorou a vitória de um, automaticamente, avalizou o governo do outro. A lógica é tão simples, que apenas um governista analfabeto-político não é capaz de enxergar.
Há governistas em diversos campos. Há governistas no STF: Ricardo Lewandowski é governista, Marco Aurélio Mello é governista, Luis Roberto Barroso é governista. Há governistas no Senado: Renan Calheiros é governista, Telmário Mota é governista, Vanessa Grazziotin é governista. Há governistas na grande imprensa: o portal UOL é governista, a ESPN Brasil é governista, a Rede Record é governista. Os finados Luiz Gushiken, José Janene e Márcio Thomaz Bastos, todos, eram governistas.
Agora, meus amigos governistas analfabetos-políticos querem criar e se instalar numa espécie de governismo de oposição. A manobra, sabe-se, é intelectualmente desonesta. Os 54 milhões de votos, tão exaltados por Dilma Rousseff, com o impeachment, serão transferidos para Michel Temer. Sim: todos os meus amigos governistas que elegeram Dilma Rousseff elegerão Michel Temer.
Eu suporto ser chamado de "reacionário". Eu suporto ser chamado de "golpista". Eu suporto que continuem com o discurso arcaico, cansativo e repetido pelas esquerdas durante os últimos sessenta anos. Eu só não aceito que meus amigos governistas se coloquem ao meu lado. Eu só não aceito que meus amigos governistas se coloquem na oposição a Michel Temer. Isso é passar dos limites. Pelo contrário: vocês o elegeram. Xô!
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