quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Dependentes do lulismo

O lulismo dividiu o Brasil. Entre Direita e Esquerda? Entre Republicanos e Democratas? Entre ricos e pobres? Não: entre aqueles que se viram sozinhos e os defensores de causas.

Os oprimidos, até por serem oprimidos, nunca foram capazes de organizar uma linha de raciocínio comum a eles. Por consequência, apareceram os defensores de causas. Quando o PT surgiu liderado por Lula - com o discurso: "somos defensores de causas" - surgiu também o lulismo. O lulismo está acima da sigla partidária ou da ideologia política. O próprio PT, ao assumir o poder, nunca deu trela para o lulismo. O PSOL, por exemplo, é muito mais lulista. Marcelo Freixo é mais lulista que Dilma Rousseff. Jean Wyllys é mais lulista que Marta Suplicy. Chico Alencar é mais lulista que José Genoíno. Tarcísio Motta é mais lulista que o Professor Luizinho. A imprensa e as artes também estão tomadas por lulistas.

Tome-se a história. Em apenas uma medida o PT absorveu o viés lulista: ao criar o projeto Fome Zero. Os petistas queriam acabar com os programas de transferência de renda, dos quais se orgulham hoje, para instalarem o Fome Zero e se autoafirmarem o Pai do Brasil. Como eles nunca ligaram seriamente para esse negócio de classe menos favorecida, o projeto foi um retumbante fracasso. Há outros projetos petistas como o PAC, que, com Dilma Rousseff, concluiu apenas 15,8% das obras. Ou o Minha Casa, Minha Vida, que é comandado por milicianos no Rio de Janeiro.

A história também mostra que o PT entrou no poder sem um mísero projeto. O tripé macroeconômico do governo Lula? Foi mantido do governo anterior. Plano da moeda? Também mantido. Governabilidade? Igualmente mantida. A corrupção? Não somente mantida, como sutilmente aumentada. Fatalmente, ao listar as façanhas deturpadas pelos petistas, deve-se citar o Bolsa Família. Vou me abster a tentar explicar do que se trata. Copiarei as poucas linhas do projeto de Lei que o sancionou: "Programa tem por finalidade a unificação dos procedimentos de gestão e execução das ações de transferência de renda do Governo Federal, especialmente as do Bolsa Escola, do Bolsa Alimentação, do Auxílio-Gás". Todos criados por - Epa! - Fernando Henrique Cardoso. Aliás, desconfio que FHC seja mais lulista que muitos petistas. Não é preciso que meia dúzia de otários no Facebook tentem mudar a história: está lá, não pode ser reescrita. A única contribuição de Lula para o Bolsa Família foi assiná-lo, se é que ele dispõe desta habilidade.

Confesso ficar envergonhado ao ter de chegar a este ponto, detalhando um projeto de Lei atroz para o país. A colaboração histórica que o PT nos deu foi a avacalhação política, rebaixando a discussão para quem é o irresponsável pela criação de um assistencialismo o qual nos atrasou. "Bolsas" são um retrocesso. Eu as extinguiria imediatamente. É um tipo de compra de voto pelo estômago que sequer deveria ter nascido no governo FHC. Lula não somente continuou, como o transformou em plataforma de governo. Num dos debates de segundo turno, Dilma Rousseff afirmou que tirou 50 milhões de brasileiros da miséria por meio do Bolsa Família. Fazendo um calculo rápido, conclui-se que 1/4 da população do país ascendeu nos últimos quatro anos. Uma média de 12,5 milhões de pessoas ao ano, ignorando a inflação fora da meta, ignorando a recessão da economia, ignorando o crescimento irrisório do PIB. Nem Marina Silva, durante seu auge, atingiu este nível de utopia.

O fato é que não discutimos melhoras para o país. Como menos impostos, menos sindicatos, menos ministérios, menos poder aos políticos, menos verba pública - ou nenhuma verba pública - para campanhas, menos intervenção estatal - ou nenhuma intervenção estatal - na economia. Devemos, também, enxergar o PT como, de fato, ele é: como o partido que aparelhou o Estado; como o partido que desviou verbas públicas para financiar suas campanhas; como o partido que persegue jornalistas; como o partido capaz de xingar Fernando Collor em 1989 e abraçá-lo quinze anos depois; como o partido que compra blogueiros com o nosso dinheiro; como o partido incapaz de combater o terrorismo e o antissemitismo; como o partido que distribui migalhas em troca de votos.

Nada disso será possível enquanto o Bolsa Família for pauta de discussão. Nada disso será possível enquanto não soubermos nos virar sozinhos.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Pedi o impeachment de Dilma

Site de VEJA. Está lá, em um especial online intitulado A crise no governo Lula: "Quem pode pedir o impedimento de um presidente? Representantes da sociedade civil ou os próprios parlamentares." Imediatamente, procurei um representante da sociedade civil. Deputado é um representante da sociedade civil? Aceito. Quanto menos trabalho eu tiver, melhor.

Na última segunda-feira, encaminhei à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro um pedido de impeachment de Dilma Rousseff. Precisamente, por intermédio do site da Assembleia. Precisamente, à deputada estadual Cidinha Campos, ignorando que ela seja aliada de Dilma Rousseff. Cidinha Campos é uma das frentes na luta pelo direito do consumidor. Eu, como consumidor, cansei de Dilma Rousseff. Ela não se sustenta mais no governo. Seu governo acabou. Quanto tempo falta para o ano acabar? Dois meses? Prefiro ser governado durante dois meses por Michel Temer. Ele é menos dissimulado do que Dilma Rousseff. Presidente deve ser tratado assim. Roubou? Seus apaniguados aparelharam o Estado? Qualquer cidadão tem o direito de pedir o fim de seu mandato. Nosso país é tão desgraçado que consegue escancarar um lado ruim na democracia, que é a possibilidade de um iletrado ou uma criatura completamente inepta se tornar presidente da República. Em contrapartida, a democracia se confirma como o melhor sistema, por permitir expulsá-los da presidência com a mesma facilidade.

Dentre os pensadores, ninguém melhor do que Henry David Thoreau para expulsar um político do cargo. Ele começa o seu melhor ensaio, A Desobediência Civil, com a frase: "O melhor governo é o que governa menos". Ele continua: "O melhor governo é o que absolutamente não governa". Henry David Thoreau é o responsável pelo meu pedido de impeachment de Dilma Rousseff. O governo dela governou demais. E governo que governa demais acaba tomando um gosto perigoso pelo poder. As recentes delações de Paulo Roberto Costa e de Alberto Youssef confirmam que o governo de Dilma Rousseff não pode continuar. Dilma Rousseff deveria ser afastada no dia seguinte às denúncias.

Tanto Paulo Roberto Costa como Alberto Youssef afirmaram que João Vaccari Neto, tesoureiro nacional do PT, intermediava os desvios de obras da Petrobras para o partido. Afirmaram ainda que as empresas as quais desejavam fechar contratos e serviços com a Petrobras deveriam desembolsar 3% de propina sobre o valor dos contratos: 2% eram destinados ao PT; 1% era fatiado entre o Partido Progressista, Paulo Roberto Costa e Alberto Yousseff. O PT é especialista em propinas. Houve Propinoduto no governo Lula. Agora, há o Propinoduto no governo Dilma.

As informações já seriam um motivo mais do que válido para varrer os petistas do Congresso Nacional. As cifras apenas embasam o pedido de impeachment. A empresa holandesa Trafigura fechou negócios com a Petrobras. Em setembro de 2013, havia um montante de 800.000 dólares acumulado de negociações. Num cálculo rápido, a propina desembolsada por Paulo Roberto Costa, Alberto Youssef e o Partido Progressista estaria em torno de 8.000 dólares. Outra empresa a negociar com a Petrobras foi a Glencore. A revista Época divulgou que, em maio de 2013, foi pago um valor de 9.973,29 dólares a Paulo Roberto Costa. A Polícia Federal identificou depósitos de US$ 4,8 milhões da OAS African Investments Limited na conta da offshore Santa Thereza Services Ltd, controlada por - Epa! - Paulo Roberto Costa. Deixando o investimento furado da refinaria em Pasadena de lado, o caso mais impactante é o do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, o Comperj. Foram fechados dois serviços sem licitações em 2011: um de R$ 3,9 bilhões; outro de R$ 1,9 bilhões. Calculando os 1% de propina para Paulo Roberto Costa e sua turma, chegamos a R$ 58 milhões.

Numa manobra intelectualmente desonesta, o Congresso Nacional pode alegar que Paulo Roberto Costa e seus cúmplices tiveram apenas benefício pessoal e não político. E que Dilma Rousseff nada tem a ver com as denúncias. Pelo contrário: há denúncias de que Paulo Roberto Costa e seus comparsas compravam apoio eleitoral de políticos com o dinheiro adquirido das artimanhas na Petrobras. Dilma Rousseff, então presidente, seria a maior beneficiária do esquema. O PT fornece uma enxurrada de motivos para que sejam privatizados os órgãos do governo. O mensalão do governo Lula teve suas raízes nos Correios. O mensalão de Dilma Rousseff tem início na Petrobras.

O mais grave é que as contas em que Paulo Roberto Costa e seus doleiros recebiam dinheiro não ficavam em Pernambuco ou em Garanhuns. Estavam em Genebra e em Luxemburgo. Os paraísos fiscais são outra marca dos petistas. Márcio Thomaz Bastos é figurinha carimbada em listas as quais divulgam nome de pessoas que guardam seus dinheiros em contas bancárias localizadas em paraísos fiscais. Quem também sempre aparece nessas listas? Lula, José Dirceu, Antonio Palocci e até o finado Luiz Gushiken. A diferença é que Lula e seus apaniguados passaram ilesos. Dilma Rousseff e seus apaniguados não podem passar ilesos. O site de VEJA diz que "o presidente da Câmara dos Deputados decide se o pedido (de impeachment) é arquivado ou encaminhado aos parlamentares". O presidente da Câmara dos Deputados é Henrique Eduardo Alves. Meu pedido de impeachment deve chegar em suas mãos nos próximos dias. Dilma Rousseff sempre se orgulhou por "não ter nomeado um engavetador geral da República". Agora, ela viverá um dilema. Se o pedido for engavetado, ela continua na presidência. Se o pedido for aceito, ela é expulsa, e poderá se orgulhar eternamente por ter se autossabotado. A questão é se o pedido será avaliado a tempo. Ainda faltam dois meses para o ano acabar?

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

A Bolada virtual

Alguns amigos meus estão ostentando o emblema de Dilma Rousseff em suas respectivas fotos de perfil no Facebook. Todos comunistóides. Eu preferia infinitamente o Orkut. Os filhos de Lula frequentavam genuinamente as comunidades do Orkut. Agora, os petistas aparelharam as redes sociais com os chamados fakes integrantes do MAV: Militância em Ambientes Virtuais.

Diferente dos integrantes do MAV, que são remunerados com dinheiro público, meus amigos comunistóides são tão imprestáveis que não recebem um centavo para fazer a militância. O fake Dilma Bolada, por exemplo, tornou-se vitrine de propaganda petista pelas redes sociais. Numa reportagem da revista Época, Jeferson Monteiro, criador do fake Dilma Bolada, havia afirmado que não fazia campanha para Dilma Rousseff pois "não havia chegado a um consenso com os petistas". Logo depois, descobriu-se que o "consenso" poderia ser traduzido por "acerto de cachê". Agora, tudo está resolvido e o fake Dilma Bolada faz religiosamente campanha para Dilma Rousseff todos os dias.

A reportagem de Época também identificou o site Muda Mais como "a arma do PT nas redes sociais". Foi além: afirmou ser "a mais rica e poderosa". O site Muda Mais é de responsabilidade de Franklin Martins. O aluguel do apartamento onde estão hospedados os pelegos que mantêm o site no ar custa 4 000 reais mensais, com exigência de dez meses de adiantamento. Ou seja, o governo já desembolsou 40 000 reais adiantados pelo aluguel. Os números petistas se multiplicam com uma facilidade assustadora. Eu me pergunto: se o aluguel da "mais rica e poderosa arma do PT" custam módicos 4 000 reais, quanto custa a mão-de-obra para manter o site no ar? Quanto recebe Franklin Martins? 40 000? 400 000? 4 000 000?

Precisamente cinquenta e oito amigos meus curtem a página do fake Dilma Bolada no Facebook. Doze deles são comunistóides. Outros doze são Dilma Rousseff até a morte. Um, inexplicavelmente, ostenta o emblema de Aécio Neves no perfil. O resto, são analfabetos políticos. Com a real possibilidade de Dilma Rousseff ser derrotada no segundo turno, os comunistóides, os devotos de Dilma Rousseff e até os analfabetos políticos se renderam à militância virtual em prol dos petistas, ainda que não recebam um tostão furado por isso. Por falar em analfabetismo político, os petistas se invocam quando é constatado o óbvio: que a maior parte dos votos de Dilma Rousseff vem do Nordeste, curiosamente, a região com o maior número de analfabetos no país. A imprensa vem tentando enganar o esclarecido eleitorado nordestino, por meio das delações de Paulo Roberto Costa e de Alberto Youssef, afirmando que o PT assaltou e assalta os cofres públicos. Acertadamente, o brilhante eleitorado nordestino ignora as mentiras publicadas nos jornais e continua fiel aos petistas. Acertadamente, o intelectual eleitorado nordestino só acredita no que é publicado na página do fake Dilma Bolada no Facebook.

Especula-se que o fake Dilma Bolada receba uma quantia razoável pela militância virtual. O título da reportagem de Época é sintomático: Jeferson Monteiro quer faturar R$ 500 mil com sua Dilma Bolada. Recebendo esta bolada, é possível explicar a militância de qualquer pessoa, até dos meus amigos comunistóides e dos analfabetos políticos do Facebook. Espere um pouco: eu disse esta bolada? Devo aplaudir Jeferson Monteiro. Ele foi bem original ao nomear seu personagem.

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Impeachment pela chapa

O programa de Aécio Neves nunca havia se preocupado com o Meio Ambiente. Quem poderá dar este suporte? Sim, ela mesma: Marina Silva. Sim: os dois, lado a lado.

Marina Silva estuda a possibilidade de apoiar Aécio Neves sem ser contraditória com seu discurso de "nova política". Nada mais revolucionário do que acrescentar a "sustentabilidade" no programa de Aécio Neves, que se preocupa com questões bem menos importantes, como a inflação e o baixo crescimento do país. Outra questão relevante é que Aécio Neves tem pouquíssima empatia com os tucanos de São Paulo. Marina Silva, paradoxalmente, seria a agregadora de membros do mesmo partido: ela convenceria José Serra a se dedicar integralmente à campanha de Aécio Neves.

Ao se lembrar de José Serra, lembrei de definir os nomes para a chapa de Aécio Neves. Com o apoio de Marina Silva, é possível fazer este exercício futurístico. Marina Silva seria a ministra do Meio Ambiente. Armínio Fraga já está nomeado como ministro da Fazenda. Nomearia Joaquim Barbosa como ministro da Justiça. José Serra tem histórico de desistências de cargos. Marina Silva poderia fazê-lo desistir do Senado e nomeá-lo como ministro da Saúde. Quem mais? João Doria Jr. no ministério das Comunicações, Bernardinho no ministério dos Esportes, Neca Setubal no ministério da Educação.

Outra vantagem de Marina Silva - aliás, a sua maior vantagem - é que sua imagem não é associada diretamente ao PT, ainda que tenha sido integrante do partido por mais de vinte anos. Todas as marcas do PT, como a corrupção despudorada e o aparelhamento da máquina pública, nunca foram associadas a ela. Marina Silva e Aécio Neves também concordam com o fim da reeleição, estendendo o mandato presidencial a cinco anos. A reeleição foi criada por Fernando Henrique Cardoso. Ele, aliás, está empolgadíssimo com a ideia da chapa entre ambos. Sempre me preocupo quando FHC está empolgado. Em 2006, ele havia se empolgado com a possibilidade de uma espécie de "impeachment pelo voto" a Lula. Agora, ele está coberto de razão: a possibilidade de "impeachment pelo voto" a Dilma Rousseff é bem mais palpável.

Recentemente, Armínio Fraga divulgou o programa de governo de Aécio Neves. Afirmou que pretende fazer uma reforma tributária e implementar uma espécie de IVA Nacional, agregando o ICMS com PIS, Cofins e IPI. Outro aspecto positivo do apoio de Marina Silva a Aécio Neves é o caráter humano o qual ela agrega à chapa. Armínio Fraga e Aécio Neves custam a perceber que o brasileiro não está interessado em bobagens como a responsabilidade fiscal ou o superávit primário. O brasileiro está preocupado se ele está autorizado a ir trabalhar de carro ou de bicicleta.

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Continuamos parados

Debate dos candidatos a governador do Rio de Janeiro na Rede Globo. Os quatro principais são: Lindberg Farias, Anthony Garotinho, Marcelo Crivella e Luiz Fernando Pezão. Os petistas classificaram Dilma Rousseff como "um fenômeno", por ter sido a primeira mulher a presidir o Brasil. Dilma Rousseff é um fenômeno por outro motivo. Basta caminhar por um quarteirão no Rio de Janeiro para constatar que ela consegue apoiar, ao mesmo tempo, os quatro principais candidatos a governador.

O debate começa. Muito se fala sobre Habitação. Muito se fala sobre o projeto Minha Casa, Minha Vida, ainda que seja um problema do governo federal. Passo por um conjunto habitacional todos os dias. Fica em Benfica, onde funcionava a antiga Cooperativa Central dos Produtores de Leite, a CCPL. O nome do conjunto habitacional é bem criativo e original: Condomínio Residencial Nova CCPL. Em um dos apartamentos, está escrito em letras garrafais: "Cidadania, pode entrar que a casa é sua". É verdade. Ali, no conjunto habitacional, a cidadania entra. O problema é que a alguns metros dali a cidadania não existe. Existe apenas uma cracolândia, por onde vagam dezenas de viciados em drogas e desabrigados.

Recomendaria aos candidatos não falarem sobre conjuntos habitacionais. A Delegação de Repressão às Ações Criminosas Organizadas da Polícia Civil, a Draco, realiza sistematicamente operações para desarticular milícias que controlam conjuntos habitacionais do Minha Casa, Minha Vida na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Se os candidatos se dispõem a falar sobre os conjuntos habitacionais, deveriam se dispor também a acabar com as milícias que os controlam. Réplicas, tréplicas, e ninguém tocou neste ponto. Mais proveitoso seria discutir por que o Rio de Janeiro sofre com engarrafamentos. Eu sei: é um assunto aborrecido. Eu sei: é um problema da Prefeitura. Eu sei: para os candidatos pouco importa se determinado assunto é de seu alcance ou não.

Sérgio Cabral é citado insistentemente. Atribui-se as manifestações do ano passado a ele. As manifestações tinham como ponto de partida o aumento da passagem, que é um problema do prefeito. Nada tem a ver com Sérgio Cabral. Sim: os candidatos não sabem o que lhes diz respeito ou não. O prefeito Eduardo Paes criou a faixa exclusiva de ônibus. Logo em seguida, ignorou o fato de a faixa ser exclusiva para ônibus e autorizou o tráfego de táxis. A faixa exclusiva de ônibus nos saiu mais caro do que os vinte centavos que desencadearam nas manifestações. Recomendaria que uma nova manifestação fosse feita para acabar com essa bobagem. Deve ser complicado explicar para um turista, por exemplo, que a faixa destinada exclusivamente para ônibus não é usada exclusivamente por ônibus. Mais complicado ainda será explicar que o propósito da faixa exclusiva é fomentar o uso de transporte público, no entanto, Eduardo Paes permitiu o uso de táxis, que de público não têm nada. A faixa exclusiva só atrapalha. Os candidatos deveriam esquecer porcarias como o Minha Casa, Minha Vida e intervir em outras porcarias, como a faixa exclusiva.

No segundo bloco, o debate foi pautado por temas. Foram sorteados: Saúde, Educação, Funcionalismo, Habitação e Olimpíadas. Nada sobre engarrafamento. Nada sobre mobilidade urbana. Continuamos aqui, parados.