Site de VEJA. Está lá, em um especial online intitulado A crise no governo Lula: "Quem pode pedir o impedimento de um presidente? Representantes da sociedade civil ou os próprios parlamentares." Imediatamente, procurei um representante da sociedade civil. Deputado é um representante da sociedade civil? Aceito. Quanto menos trabalho eu tiver, melhor.
Na última segunda-feira, encaminhei à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro um pedido de impeachment de Dilma Rousseff. Precisamente, por intermédio do site da Assembleia. Precisamente, à deputada estadual Cidinha Campos, ignorando que ela seja aliada de Dilma Rousseff. Cidinha Campos é uma das frentes na luta pelo direito do consumidor. Eu, como consumidor, cansei de Dilma Rousseff. Ela não se sustenta mais no governo. Seu governo acabou. Quanto tempo falta para o ano acabar? Dois meses? Prefiro ser governado durante dois meses por Michel Temer. Ele é menos dissimulado do que Dilma Rousseff. Presidente deve ser tratado assim. Roubou? Seus apaniguados aparelharam o Estado? Qualquer cidadão tem o direito de pedir o fim de seu mandato. Nosso país é tão desgraçado que consegue escancarar um lado ruim na democracia, que é a possibilidade de um iletrado ou uma criatura completamente inepta se tornar presidente da República. Em contrapartida, a democracia se confirma como o melhor sistema, por permitir expulsá-los da presidência com a mesma facilidade.
Dentre os pensadores, ninguém melhor do que Henry David Thoreau para expulsar um político do cargo. Ele começa o seu melhor ensaio, A Desobediência Civil, com a frase: "O melhor governo é o que governa menos". Ele continua: "O melhor governo é o que absolutamente não governa". Henry David Thoreau é o responsável pelo meu pedido de impeachment de Dilma Rousseff. O governo dela governou demais. E governo que governa demais acaba tomando um gosto perigoso pelo poder. As recentes delações de Paulo Roberto Costa e de Alberto Youssef confirmam que o governo de Dilma Rousseff não pode continuar. Dilma Rousseff deveria ser afastada no dia seguinte às denúncias.
Tanto Paulo Roberto Costa como Alberto Youssef afirmaram que João Vaccari Neto, tesoureiro nacional do PT, intermediava os desvios de obras da Petrobras para o partido. Afirmaram ainda que as empresas as quais desejavam fechar contratos e serviços com a Petrobras deveriam desembolsar 3% de propina sobre o valor dos contratos: 2% eram destinados ao PT; 1% era fatiado entre o Partido Progressista, Paulo Roberto Costa e Alberto Yousseff. O PT é especialista em propinas. Houve Propinoduto no governo Lula. Agora, há o Propinoduto no governo Dilma.
As informações já seriam um motivo mais do que válido para varrer os petistas do Congresso Nacional. As cifras apenas embasam o pedido de impeachment. A empresa holandesa Trafigura fechou negócios com a Petrobras. Em setembro de 2013, havia um montante de 800.000 dólares acumulado de negociações. Num cálculo rápido, a propina desembolsada por Paulo Roberto Costa, Alberto Youssef e o Partido Progressista estaria em torno de 8.000 dólares. Outra empresa a negociar com a Petrobras foi a Glencore. A revista Época divulgou que, em maio de 2013, foi pago um valor de 9.973,29 dólares a Paulo Roberto Costa. A Polícia Federal identificou depósitos de US$ 4,8 milhões da OAS African Investments Limited na conta da offshore Santa Thereza Services Ltd, controlada por - Epa! - Paulo Roberto Costa. Deixando o investimento furado da refinaria em Pasadena de lado, o caso mais impactante é o do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, o Comperj. Foram fechados dois serviços sem licitações em 2011: um de R$ 3,9 bilhões; outro de R$ 1,9 bilhões. Calculando os 1% de propina para Paulo Roberto Costa e sua turma, chegamos a R$ 58 milhões.
Numa manobra intelectualmente desonesta, o Congresso Nacional pode alegar que Paulo Roberto Costa e seus cúmplices tiveram apenas benefício pessoal e não político. E que Dilma Rousseff nada tem a ver com as denúncias. Pelo contrário: há denúncias de que Paulo Roberto Costa e seus comparsas compravam apoio eleitoral de políticos com o dinheiro adquirido das artimanhas na Petrobras. Dilma Rousseff, então presidente, seria a maior beneficiária do esquema. O PT fornece uma enxurrada de motivos para que sejam privatizados os órgãos do governo. O mensalão do governo Lula teve suas raízes nos Correios. O mensalão de Dilma Rousseff tem início na Petrobras.
O mais grave é que as contas em que Paulo Roberto Costa e seus doleiros recebiam dinheiro não ficavam em Pernambuco ou em Garanhuns. Estavam em Genebra e em Luxemburgo. Os paraísos fiscais são outra marca dos petistas. Márcio Thomaz Bastos é figurinha carimbada em listas as quais divulgam nome de pessoas que guardam seus dinheiros em contas bancárias localizadas em paraísos fiscais. Quem também sempre aparece nessas listas? Lula, José Dirceu, Antonio Palocci e até o finado Luiz Gushiken. A diferença é que Lula e seus apaniguados passaram ilesos. Dilma Rousseff e seus apaniguados não podem passar ilesos. O site de VEJA diz que "o presidente da Câmara dos Deputados decide se o pedido (de impeachment) é arquivado ou encaminhado aos parlamentares". O presidente da Câmara dos Deputados é Henrique Eduardo Alves. Meu pedido de impeachment deve chegar em suas mãos nos próximos dias. Dilma Rousseff sempre se orgulhou por "não ter nomeado um engavetador geral da República". Agora, ela viverá um dilema. Se o pedido for engavetado, ela continua na presidência. Se o pedido for aceito, ela é expulsa, e poderá se orgulhar eternamente por ter se autossabotado. A questão é se o pedido será avaliado a tempo. Ainda faltam dois meses para o ano acabar?
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