quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Continuamos parados

Debate dos candidatos a governador do Rio de Janeiro na Rede Globo. Os quatro principais são: Lindberg Farias, Anthony Garotinho, Marcelo Crivella e Luiz Fernando Pezão. Os petistas classificaram Dilma Rousseff como "um fenômeno", por ter sido a primeira mulher a presidir o Brasil. Dilma Rousseff é um fenômeno por outro motivo. Basta caminhar por um quarteirão no Rio de Janeiro para constatar que ela consegue apoiar, ao mesmo tempo, os quatro principais candidatos a governador.

O debate começa. Muito se fala sobre Habitação. Muito se fala sobre o projeto Minha Casa, Minha Vida, ainda que seja um problema do governo federal. Passo por um conjunto habitacional todos os dias. Fica em Benfica, onde funcionava a antiga Cooperativa Central dos Produtores de Leite, a CCPL. O nome do conjunto habitacional é bem criativo e original: Condomínio Residencial Nova CCPL. Em um dos apartamentos, está escrito em letras garrafais: "Cidadania, pode entrar que a casa é sua". É verdade. Ali, no conjunto habitacional, a cidadania entra. O problema é que a alguns metros dali a cidadania não existe. Existe apenas uma cracolândia, por onde vagam dezenas de viciados em drogas e desabrigados.

Recomendaria aos candidatos não falarem sobre conjuntos habitacionais. A Delegação de Repressão às Ações Criminosas Organizadas da Polícia Civil, a Draco, realiza sistematicamente operações para desarticular milícias que controlam conjuntos habitacionais do Minha Casa, Minha Vida na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Se os candidatos se dispõem a falar sobre os conjuntos habitacionais, deveriam se dispor também a acabar com as milícias que os controlam. Réplicas, tréplicas, e ninguém tocou neste ponto. Mais proveitoso seria discutir por que o Rio de Janeiro sofre com engarrafamentos. Eu sei: é um assunto aborrecido. Eu sei: é um problema da Prefeitura. Eu sei: para os candidatos pouco importa se determinado assunto é de seu alcance ou não.

Sérgio Cabral é citado insistentemente. Atribui-se as manifestações do ano passado a ele. As manifestações tinham como ponto de partida o aumento da passagem, que é um problema do prefeito. Nada tem a ver com Sérgio Cabral. Sim: os candidatos não sabem o que lhes diz respeito ou não. O prefeito Eduardo Paes criou a faixa exclusiva de ônibus. Logo em seguida, ignorou o fato de a faixa ser exclusiva para ônibus e autorizou o tráfego de táxis. A faixa exclusiva de ônibus nos saiu mais caro do que os vinte centavos que desencadearam nas manifestações. Recomendaria que uma nova manifestação fosse feita para acabar com essa bobagem. Deve ser complicado explicar para um turista, por exemplo, que a faixa destinada exclusivamente para ônibus não é usada exclusivamente por ônibus. Mais complicado ainda será explicar que o propósito da faixa exclusiva é fomentar o uso de transporte público, no entanto, Eduardo Paes permitiu o uso de táxis, que de público não têm nada. A faixa exclusiva só atrapalha. Os candidatos deveriam esquecer porcarias como o Minha Casa, Minha Vida e intervir em outras porcarias, como a faixa exclusiva.

No segundo bloco, o debate foi pautado por temas. Foram sorteados: Saúde, Educação, Funcionalismo, Habitação e Olimpíadas. Nada sobre engarrafamento. Nada sobre mobilidade urbana. Continuamos aqui, parados.

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