Sidney Rezende escreveu um artigo intitulado Os jornalistas precisam aprender a ouvir. O título acaba por ser um tiro no próprio pé: Sidney Rezende é jornalista. Se os jornalistas precisam aprender a ouvir, consequentemente, Sidney Rezende também precisa aprender a ouvir.
O artigo de Sidney Rezende contém várias generalizações que não fazem o menor sentido. Sidney Rezende consegue se colocar num pedestal, distante das críticas e distante, inclusive, do jornalismo. Um desavisado qualquer que leia seu artigo não imaginará que ele seja um integrante da profissão.
Confesso que nunca havia me interessado pelo que Sidney Rezende escreve. A faculdade me obrigou a isso. Fui obrigado a ler diversos artigos de Sidney Rezende. Foi tanto Sidney Rezende que acabei enjoando dele. Enjoei do seu viés populista: "O problema de não sabermos ouvir as ruas está nos empurrando para o descrédito"; enjoei de seus lugares comuns: "Jornalismo deve informar tudo o que é pertinente ao fato, não existe neutralidade, e, sim, isenção"; enjoei de suas generalizações baratas: "As redações que outrora abrigavam o pluralismo da sociedade hoje são redutos da velha direita". Ele foi além: se arriscou a dizer que "as novas gerações de profissionais do jornalismo não sabem a diferença entre o que faz um deputado e um senador".
O maior problema do artigo de Sidney Rezende foi não ter dado nome aos bois. Quando afirma que "o jornalismo tornou-se partido político", não sei se Sidney Rezende está se referindo a Mino Carta, que é o porta-voz do PT na imprensa. Quando afirma que "o jornalista torna-se notícia", não sei se Sidney Rezende está se referindo a Paulo Henrique Amorim, que estampou capas de jornais após ser condenado judicialmente por injúria racial a Heraldo Pereira.
O problema de ler tantos artigos de Sidney Rezende é que eu me apeguei a fazer generalizações e a cair em lugares comuns também. A partir de hoje, dedicarei meu tempo a pesquisar a diferença entre o que faz um deputado e um senador. E propagarei meu desejo de que as redações voltem a abrigar o pluralismo da sociedade, seguindo o exemplo de um jornalista de esquerda como Paulo Henrique Amorim.
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