Samuel Beckett era um minimalista. Sou como Samuel Beckett. Sou um minimalista profissional. Como sou um minimalista profissional, minimalizarei a minha análise dos principais candidatos à presidência da República após o primeiro debate. Minimalizarei a minha análise através do aspecto da imagem. O aspecto da imagem será o meu critério para identificar se um candidato é bom ou ruim. Se é confiável ou desconfiável.
A tarefa de analisar Aécio Neves, Dilma Rousseff e Marina Silva através da imagem é das mais simples. Eles não têm muito a oferecer. Eles são exatamente como o minimalismo se apresenta pela música clássica: repetitivo, estático, em ritmos quase hipnóticos. Dos três candidatos, Aécio Neves é o mais inteligível. É o que tem a fala mais clara. Inclusive, o que tem mais currículo, ainda que os brasileiros ignorem a experiência profissional no meio político. Mas Aécio Neves fica estático, como uma música clássica, ao ser perguntado a respeito do Bolsa Família. Nenhuma ideia lhe surge. Falta-lhe coragem para enfrentar o programa social e afirmá-lo como um populismo eleitoreiro explorado pelos petistas.
Dilma Rousseff tem uma oratória pausada, em ritmo quase hipnótico, com segundos intermináveis entre uma fala e outra, que evidenciam sua dificuldade de juntar as ideias. Os analistas das obras de Samuel Beckett tinham uma enorme dificuldade para interpretá-las. Dilma Rousseff é exatamente como as obras de Samuel Beckett: seus analistas têm uma enorme dificuldade para interpretá-la. Já Marina Silva, é repetitiva e mantém uma mansidão em sua fala. Analisei sua imagem e cheguei à conclusão que ela nos provoca o mesmo sentimento que Lula. Marina Silva nos desperta uma frouxidão misericordiosa por meio da sua fisionomia, que tem um aspecto genuinamente frágil. Ela suscita nosso piedosismo. Ela aflora a característica mais danosa da cultura nacional.
Durante anos, editoras se recusavam a publicar as obras de Samuel Beckett por considerá-las vazias e cansativas. Os três principais candidatos à presidência da República são exatamente como as obras de Samuel Beckett: vazios e cansativos. Melhor seria analisar Levy Fidelix. É uma pena que ele não tenha alcançado sequer 1% das intenções de votos. O Brasil precisa aproveitar sua visão sobre violência, sobre finanças, sobre investimentos, sobre contrabando. Levy Fidelix constatou o que os três principais candidatos não foram capazes de constatar, e, se constataram, não criaram coragem para falar: que as prisões devem ser privatizadas, que a maioridade penal deve ser reduzida a dezesseis anos, que o PT quadruplicou a dívida pública, que a vulnerabilidade de nossas fronteiras permite o contrabando de armas vindo de países vizinhos.
As obras minimalistas de Samuel Beckett nunca exploraram a ideologia do autor. Assim como uma obra de Samuel Beckett, o Brasil é um país minimalizado. Assim como uma obra de Samuel Beckett, o Brasil não explora a ideologia de nossos políticos. Os brasileiros são exatamente como nossos principais candidatos à presidência da República: covardes, com dificuldades para juntar as ideias e excessivamente piedosos. Os brasileiros são exatamente como uma música clássica: repetitivos e estáticos.
E eu? Continuarei caminhando, num ritmo quase hipnótico, a fim de encontrar um candidato à presidência da República que pretenda acabar com o assistencialismo do Bolsa Família nas campanhas eleitorais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário